O universo mobile está evoluindo — e a inteligência artificial está no centro dessa transformação.
No relatório State of Mobile 2025, da Sensor Tower, vemos que os downloads de apps caíram pelo 4º ano consecutivo — e isso não representa uma crise, mas sim uma evolução na forma como usamos tecnologia.
O universo mobile está evoluindo rapidamente — e a inteligência artificial está no centro dessa transformação. De acordo com o novo relatório State of Mobile 2025, da Sensor Tower, a integração da IA generativa em aplicativos e experiências móveis está acelerando e já causa impactos reais no comportamento dos usuários.
O que está claro é que a IA vai definir o futuro do mercado mobile — assim como está fazendo em muitos outros setores. Abaixo, destacamos quatro pontos do relatório que ajudam a entender esse novo cenário e mostram por que inovar com inteligência artificial já não é mais uma escolha, mas uma necessidade.
A ascensão da IA no mobile
Assim como em outros setores, a IA generativa está transformando o mundo dos aplicativos. Um sinal claro disso é o crescimento explosivo nos downloads de apps de chatbot com IA, como ChatGPT, Gemini e Copilot.
Só em 2024, esses aplicativos somaram quase 1,5 bilhão de downloads globalmente. E o impacto vai além: juntos, ultrapassaram a marca de US$ 1 bilhão em receita no último ano e já se tornaram a terceira categoria de aplicativos mais usada no mundo — atrás apenas das redes sociais e das plataformas de mensagens.
Um dado curioso: em 2024, as pessoas passaram mais tempo em apps de IA do que fazendo ligações telefônicas.
IA bem implementada gera valor — mal implementada afasta usuários
Com a adoção de IA ganhando velocidade, muitos aplicativos estão buscando integrar a tecnologia aos seus serviços principais. O relatório mostra que os usuários percebem e valorizam essas funcionalidades quando elas são bem implementadas.
Por outro lado, soluções mal pensadas podem causar rejeição e impactar negativamente a experiência.
Um bom exemplo de acerto é o recurso de videochamada com IA do Duolingo, que contribuiu diretamente para o aumento da receita da empresa no último ano. O Google também está apostando em LLMs locais, como o Gemini Nano, que rodam diretamente nos dispositivos — sem depender da nuvem. Isso torna a experiência mais rápida, privada e integrada.
A mensagem é clara: a IA precisa estar a serviço da experiência do usuário, e não apenas como uma tendência a ser seguida.
Menos downloads, mais consolidação
Pelo quarto ano consecutivo, o número total de downloads de aplicativos caiu — desta vez, apenas 1% em relação ao ano anterior. Embora o número pareça pequeno, o que importa é a tendência.
Dois fatores explicam essa movimentação:
- Avanço dos Super Apps – Aplicativos que reúnem múltiplas funcionalidades em uma única plataforma estão ganhando espaço, reduzindo a necessidade de instalar novos apps. Esse movimento tem ajudado empresas a aumentarem a retenção e o engajamento ao manter os usuários dentro de seus próprios ecossistemas digitais.
- Experiências sem interface tradicional – Dispositivos com foco em IA, como os óculos inteligentes do Google e da Meta, apontam para um futuro menos dependente de telas. Isso inclui interações por voz, gestos e interfaces que aparecem apenas quando necessário — as chamadas experiências “invisíveis”.
Apesar disso, não estamos falando do fim das telas. A tendência é a diversificação das formas de interação: telas menores, contextuais, híbridas e que surgem sob demanda. O visual cede espaço para a funcionalidade — e a IA está no centro disso.
Receita em alta: menos apps, mais valor
Mesmo com a queda nos downloads, a receita global com aplicativos (excluindo jogos) cresceu 1.877% entre 2014 e 2024 — saltando de US$ 3,5 bilhões para US$ 69,2 bilhões.
Esse crescimento é puxado principalmente por categorias como entretenimento, produtividade e edição de vídeo e imagem. O modelo de assinatura e os recursos premium vêm mostrando que os usuários estão dispostos a pagar por experiências digitais que realmente entregam valor.
Estamos entrando na era dos agentes inteligentes
Com o avanço da IA, uma nova geração de experiências começa a surgir. Imagine um aplicativo de investimentos em que cada usuário tenha um agente inteligente treinado com seu histórico, perfil e objetivos — capaz de sugerir estratégias, responder dúvidas e executar comandos por voz ou texto, de forma natural.
Esse tipo de experiência inaugura um novo ciclo, com conceitos como Zero UI, Screenless experiences, Voice-first apps e AI Agents se tornando parte do vocabulário do setor.
O aplicativo tradicional começa a desaparecer. O serviço continua existindo, mas a forma de acessá-lo muda — se torna mais fluida, integrada e, muitas vezes, invisível.
O que importa no fim das contas não é a tecnologia em si, mas o que ela resolve. E é isso que vai separar o hype da inovação real nos próximos anos.