Ative, desative e experimente funcionalidades em tempo real
Já imaginou ativar ou desativar funcionalidades em tempo real, de forma segmentada, sem precisar fazer novos deploys? Isso é possível graças às Feature Flags, aliadas da exigência de velocidade de entregas e da qualidade delas.
Com elas, equipe consegue testar, experimentar e corrigir com controle total do impacto para usuários e sistemas. Acompanhe a leitura e conheça mais sobre essa solução e como ela pode ser útil para o seu negócio!
O que são Feature Flags?
As Feature Flags, também conhecidas como toggles ou switches, são mecanismos que possibilitam esconder, liberar ou condicionar funcionalidades em um software. A decisão de exibir ou não uma funcionalidade é feita por meio de lógica condicional, baseada em flags configuradas fora do código-fonte.
Na prática, uma flag funciona como uma “chave” que define se determinada parte do sistema está ativa ou não. Isso permite que recursos sejam ativados somente para grupos específicos de usuários, ambientes ou condições de sistema.
Veja a seguir os principais tipos e como essa abordagem se diferencia de outras estratégias de lançamento.
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Tipos mais comuns de flags
As Feature Flags podem ser classificadas de diversas formas, mas algumas categorias se destacam:
- Flags de liberação: usadas para lançar funcionalidades em etapas ou apenas para um grupo restrito;
- Flags de experiência: aplicadas em testes A/B, permitindo experiências distintas para comparar resultados;
- Flags operacionais: utilizadas para ativar ou desativar comportamentos em caso de falhas ou manutenções;
- Flags de infraestrutura: com foco em transições de tecnologia, como migração de banco ou troca de API.
Feature Flags vs. outras estratégias de controle de releases
Ao contrário dos deploys tradicionais, que exigem subir novas versões para alterar o comportamento do sistema, as Feature Flags trazem flexibilidade sem precisar reimplantar o software.
Portanto, isso as diferencia de abordagens como blue/green deploys, dark launches ou branch-based releases, que dependem de infraestruturas mais complexas ou geram maior acoplamento.
Por que usar Feature Flags?
As Feature Flags oferecem uma série de benefícios às empresas. Veja quais são!
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Controle de funcionalidades em tempo real
Com Feature Flags, o controle está nas mãos do time de produto. Uma funcionalidade pode ser liberada apenas para usuários internos, beta testers ou clientes-chave. Se algo sair errado, basta desligar a flag e a funcionalidade será ocultada instantaneamente.
Por exemplo, considere uma empresa que libera uma nova funcionalidade de pagamento apenas para funcionários. Então, somente após validação interna é que ela expande essa disponibilização para clientes, em fases.
Redução de riscos e aumento de confiabilidade
As Feature Flags permitem testar funcionalidades em ambientes de produção reais, mas seguramente. Em vez de apostar em um lançamento em massa, é possível fazer um rollout progressivo, monitorando o impacto e revertendo rapidamente se necessário.
Por exemplo, uma fintech que identificou um bug ao ativar uma nova função de saque. A partir disso, ela pode desligar a flag sem afetar os demais usuários.
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Suporte à experimentação contínua
As iniciativas de experimentação e validação ganham muito com Feature Flags. Ao liberar diferentes versões de uma mesma funcionalidade, os times conseguem testar hipóteses, coletar dados e ajustar com base em feedbacks reais.
Para exemplificar, imagine uma empresa de e-commerce que testa dois layouts diferentes da página de checkout. A partir disso, ela pode identificar uma melhoria de conversão com uma das variações, decidindo-se por ela.
Casos de uso mais frequentes
As Feature Flags podem ser aplicadas em diversos contextos e cenários. Abaixo, veja os casos mais comuns e como essa abordagem contribui para entregas mais seguras e inteligentes.
Testes A/B e personalização por perfil
Com as Feature Flags, é fácil rodar testes A/B em tempo real. O sistema define, com base em regras ou aleatoriedade, quem vê qual versão. Além disso, é possível personalizar experiências por perfil de usuário, permitindo abordagens mais refinadas e aderentes a segmentos específicos.
Por exemplo, uma plataforma de streaming pode mostrar capas e sugestões diferentes com base no histórico do usuário, usando flags de personalização.
Lançamentos controlados e canary releases
Em vez de colocar uma funcionalidade nova para todos os usuários ao mesmo tempo, as Feature Flags permitem um rollout gradual. Pode-se, por exemplo, começar com 1% da base, observar o comportamento e, somente após, expandir conforme os resultados. Essa abordagem é conhecida como canary release e evita impactos em larga escala.
Aliás, esse é um uso comum em empresa de SaaS. Ao lançarem novas interfaces ou outros tipos de novidades, geralmente isso atinge apenas uma pequena parte dos usuários, em um primeiro momento. A expansão ocorre conforme os feedbacks recebidos.
Modernização de sistemas legados
Ao modernizar um sistema antigo, nem sempre é viável migrar tudo de uma vez. Aqui, as Feature Flags possibilitam a convivência entre a funcionalidade antiga e a nova, alternando entre elas de acordo com regras ou contextos. Isso facilita o controle e reduz riscos em migrações graduais.
Se uma empresa está migrando seu sistema de autenticação, ela pode permitir que parte dos usuários já utilize o login social enquanto outros ainda usam o método tradicional.
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Separação de ambientes e clientes
Em contextos B2B (business to business), é comum que diferentes clientes tenham contratos ou funcionalidades distintas.
As Feature Flags ajudam a manter um único código-fonte, mas com comportamentos personalizados por cliente. Da mesma forma, é possível controlar as flags por ambiente (teste, staging, produção), simplificando o fluxo de desenvolvimento.
Isso pode acontecer, por exemplo, quando uma empresa que fornece softwares para escolas pode liberar módulos de avaliação somente para clientes que contrataram esse recurso.
Ferramentas e integrações disponíveis
Para que as Feature Flags funcionem com eficiência, é essencial contar com ferramentas robustas e boas integrações. Confira as principais opções e como elas se encaixam em pipelines modernos!
Principais plataformas do mercado
Hoje, existem várias ferramentas que facilitam a gestão de Feature Flags, como LaunchDarkly, Unleash, Split.io, ConfigCat e Flagsmith. Elas oferecem painéis intuitivos, gestão por usuário, segmentação por contexto e integrações com sistemas de observabilidade.
Integração com pipelines de CI/CD
As Feature Flags se encaixam perfeitamente em fluxos modernos de entrega contínua. É possível configurar flags diretamente nos pipelines de CI/CD, automatizando ativações e garantindo rastreabilidade em cada deploy.
Por exemplo, considere uma situação em que uma flag foi ativada automaticamente após passar por uma etapa de testes automatizados no pipeline.
Compatibilidade com observabilidade e monitoramento
Ao conectar as Feature Flags com ferramentas de observabilidade como Datadog, Grafana ou New Relic, os times conseguem correlacionar métricas com ativação de funcionalidades. Isso facilita a identificação de impactos e a tomada de decisão sobre rollback ou continuidade.
Boas práticas na implementação de Feature Flags
Para que as Feature Flags entreguem valor de forma contínua, é importante seguir boas práticas de implementação. Veja o que considerar ao usar essa abordagem no seu projeto:
- Nomeação, versionamento e documentação: uma boa governança começa com nomes claros e padronizados para cada flag. Além disso, documentar o objetivo, escopo, tipo e responsável pela flag ajuda na manutenção do sistema;
- Ciclo de vida das flags: flags não devem ser eternas. Assim que uma funcionalidade estiver 100% ativa ou obsoleta, a flag deve ser removida do código para evitar acúmulo de complexidade desnecessária;
- Monitoramento do impacto e rastreabilidade: qualquer ativação de flag deve ser acompanhada de monitoramento. Ter logs, métricas e alertas conectados às flags é fundamental para entender o efeito de cada mudança e agir rapidamente caso algo fuja do esperado.
Riscos e desafios no uso de Feature Flags
Embora sejam extremamente úteis, as Feature Flags também trazem desafios. Abaixo estão os principais pontos de atenção ao adotar essa estratégia, veja!
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Complexidade e legibilidade do código
O uso excessivo de Feature Flags pode tornar o código confuso. Quando há muitas condicionalidades ativas ao mesmo tempo, entender o que está em execução se torna um desafio. Por isso, é essencial manter o controle e aplicar as boas práticas.
Flags obsoletas e acúmulo técnico
Flags que não são removidas geram dívida técnica. Elas aumentam o tamanho do código, dificultam a manutenção e podem causar comportamentos inesperados. A revisão periódica do conjunto de flags é uma etapa obrigatória da gestão.
Exposição indevida de recursos e segurança
Uma flag mal configurada pode expor funcionalidades não finalizadas ou dados sensíveis. Garantir que as regras de ativação estejam corretas e que não haja vazamentos é fundamental para proteger o usuário e a reputação da empresa.
Conclusão
As Feature Flags se consolidaram como uma das estratégias mais eficazes para acelerar entregas sem abdicar da segurança. Elas oferecem controle, flexibilidade e suporte às práticas modernas de desenvolvimento, como experimentação contínua e entrega incremental.
No entanto, como qualquer ferramenta poderosa, o uso exige cuidado. Governança, monitoramento e disciplina são indispensáveis para que as Feature Flags cumpram seu papel sem gerar riscos desnecessários.
Com planejamento e boas práticas, é possível transformar a gestão de funcionalidades em uma vantagem estratégica para o produto e para a engenharia. Se você tem interesse nisso e precisa de auxílio profissional, conte com a BRQ!
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