O Open Finance está emergindo como uma das principais tendências do mercado financeiro atual, abrindo novas possibilidades para empresas de todos os setores. Mas o que exatamente é o Open Finance e como ele pode contribuir para as empresas?
Para responder a essas perguntas, conversamos com Cleber Pires, estrategista digital da BRQ. Com sua vasta experiência no mercado financeiro, Cleber nos forneceu insights valiosos sobre como pode beneficiar empresas de todos os tamanhos, permitindo que elas forneçam soluções financeiras mais inovadoras e personalizadas aos seus clientes.
Neste artigo, exploraremos os benefícios do Open Finance para o seu negócio, e como você pode se preparar para aproveitar essas oportunidades. Acompanhe conosco a visão de Cleber Pires sobre esse tema tão importante e transformador no mundo dos negócios.
O que é Open Finance?
O conceito se refere ao uso de dados e serviços financeiros de forma aberta e descentralizada. Em outras palavras, Open Finance descreve o movimento em que diferentes instituições financeiras compartilham dados e oferecem serviços em conjunto.
A ideia é que os dados financeiros sejam acessíveis a todos e não apenas às instituições financeiras tradicionais. Com o Open Finance, as pessoas podem compartilhar suas informações financeiras com outras instituições, como fintechs e startups, permitindo que essas empresas criem soluções mais personalizadas e eficientes para os usuários.
De acordo com Cleber, “Antes do Open Finance, esta capacidade era intrinsecamente associada somente ao banco com o qual este consumidor possuía relação direta”.
O Banco Central (BC) é o principal regulador do Open Finance no Brasil, estabelecendo as diretrizes para a implementação do sistema de circulação de dados financeiros entre as instituições financeiras do país.
Qual é a origem?
O conceito tem origem no movimento Open Banking, que surgiu no Reino Unido em 2016 com a introdução da diretiva PSD2 (Payment Services Directive 2) pela União Europeia. A PSD2 é uma regulamentação que obriga os bancos a compartilhar dados financeiros com terceiros, desde que os clientes autorizem o compartilhamento.
O movimento visa promover a concorrência e a inovação no setor financeiro, ao mesmo tempo em que incentiva um ambiente mais justo e transparente para os consumidores.
Quais são as vantagens do Open Finance?
O conceito promove a abertura de dados e serviços financeiros, permitindo a entrada de novos players no mercado e criando um ambiente mais competitivo e diversificado para o consumidor, e isso traz alguns benefícios.
Para o estrategista digital da BRQ, destacam-se três benefícios:
Maior competitividade por oferta de produtos e serviços
Com o Open Finance, os consumidores terão acesso a uma gama maior de produtos e serviços financeiros, com preços mais competitivos e melhores condições.
Maior leque de produtos e subprodutos
As empresas podem ter acesso a uma grande quantidade de dados dos clientes, o que permite criar soluções mais personalizadas e adequadas para o perfil de cada um deles.
Maior pluralidade de taxas
Com a ampliação da concorrência no setor financeiro, as empresas passam a oferecer taxas mais competitivas, com diferentes opções de juros e condições de pagamento.
Qual é o maior desafio?
A complexidade do setor financeiro, com suas diversas opções de produtos e serviços, pode tornar difícil para os consumidores entenderem as informações financeiras e fazerem escolhas embasadas. Por isso, o estrategista digital considera a necessidade de prover clareza e transparência ao consumidor como o maior desafio do Open Finance.
Para superar esse desafio, as empresas estão fornecendo informações claras e acessíveis sobre seus serviços, incluindo os termos e condições, as taxas e os riscos envolvidos.
Quais são as APIs atreladas ao Open Finance?
O Open Finance é baseado em um conjunto de APIs (Application Programming Interfaces) que permitem a troca de informações entre diferentes empresas financeiras.
Essas APIs podem variar de acordo com as necessidades de cada instituição financeira. No entanto, dentre as mais usadas, Pires destaca as APIs de compreensão de dados básicos e as APIs de dados de produtos com a descrição e o valor das operações.
As APIs de compreensão de dados básicos são responsáveis por permitir o acesso a informações essenciais dos clientes, como nome, endereço, número de telefone, e-mail e informações bancárias básicas.
Já as APIs de dados de produtos com a descrição e o valor das operações fornecem informações detalhadas sobre os serviços das empresas, incluindo as taxas, os prazos e as condições de pagamento.
Como melhorar a segurança no Open Finance?
Para garantir a segurança do ecossistema de Open Finance, existem medidas de segurança que devem ser implementadas pelas instituições financeiras participantes, como o uso de criptografia, a autenticação multifatorial e o firewall para proteger suas plataformas.
Além disso, é fundamental que esses provedores realizem auditorias de segurança e atualizem regularmente seus sistemas para evitar vulnerabilidades conhecidas.
Como regulador do sistema financeiro, o BC também é responsável por estabelecer os regulamentos e regras que regem o funcionamento do ecossistema de circulação de dados, incluindo as medidas de segurança necessárias, como reforça Cleber Pires:
“Segurança, dentro do Open Finance regulado, sempre foi um (para não dizer o maior) dos ativos prioritários para o Banco Central. Há ações constantes em aumento de clareza, percepção e regulação de não exposição de dados e ouvido ativo para entendimento de possíveis violações às leis vigentes de LGPD”.
O estrategista digital ainda destaca que a posição do Banco Central tem sido eficaz em trazer inovação de forma consistente e segura.
O que é Open Finance pago?
No Brasil, o Open Finance regulamentado pelo Banco Central permite o compartilhamento de dados financeiros entre instituições financeiras sem custos adicionais para os usuários. Porém, também há modelos de consumo de dados financeiros não regulados pelo BC que podem envolver o pagamento por acesso a essas informações.
No modelo de Open Finance pago, os usuários podem pagar por acesso a transações, saldos, histórico de crédito e outras informações financeiras. Esses dados são fornecidos por empresas de Open Finance que coletam e agregam informações de várias fontes, incluindo bancos, cartões de crédito e outros provedores de serviços financeiros.
Quais as diferenças entre Open Banking e Open Finance?
O Open Finance é uma evolução do conceito de Open Banking, segundo Pires. Enquanto o Open Banking se concentra no compartilhamento de dados financeiros entre os bancos por meio de APIs, o Open Finance é um conceito mais amplo.
Ele inclui o compartilhamento de dados de outros serviços financeiros, como investimentos, seguros, entre outros.
Vale ressaltar que Open Finance também difere de Open Innovation, embora ambos envolvam a ideia de “abertura” em relação à inovação e ao desenvolvimento de soluções.
Open Innovation é uma abordagem de inovação que envolve a colaboração das empresas com outras organizações, universidades, instituições de pesquisa e outros parceiros externos para desenvolver novas ideias, produtos e serviços.
Quais os impactos no mercado financeiro?
O Open Finance tem o potencial de desempenhar um grande impacto na Transformação Digital do mercado financeiro, proporcionando benefícios tanto para consumidores quanto para empresas do setor, como afirma Cleber Pires:
“O impacto é transformacional. A forma como usamos dinheiro mudará radicalmente. Como o digital está em tudo, a forma como nos relacionamos com nosso dinheiro também deve mudar. O Banco Central endereça e comanda um papel chave neste movimento.”
Com a adoção crescente desse ecossistema, é provável que mais benefícios e oportunidades surjam no futuro. Portanto, é encorajador acompanhar esse progresso e estar preparado para aproveitar as possibilidades que o Open Finance oferece.
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